28/09/2015 11h06 - Atualizado em 28/09/2015 11h17

Toxcen recomenda cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos

 

Acidentes envolvendo animais peçonhentos representam um percentual considerável do número total de atendimentos realizados pelo Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen). No ano passado, as ocorrências de picadas de cobras, escorpiões, aranhas e outros animais que injetam veneno na vítima ao atacá-la chegaram a 35,3% dos registros. Para evitar acidentes com esses bichos, um dos principais cuidados recomendados pelo Toxcen é manter ambientes livres de entulho e lixo.

Segundo o coordenador do Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo, Nixon Sesse, a maior parte dos acidentes envolveu escorpiões. Foram 58,6% dos 4.604 casos registrados. Ele explica que acidentes com escorpiões podem acontecer em áreas urbanas ou rurais. Na cidade, no entanto, os registros são mais frequentes devido à concentração de pessoas e, consequentemente, a maior produção e armazenamento de lixo em locais inadequados. Nesses locais se proliferam insetos e outros animais que servem de alimento para os escorpiões, além de servir de abrigo para este animal.

De acordo com Nixon Sesse, o escorpião pode ser encontrado em todo o Espírito Santo e em várias partes do país, mas quanto mais quente e seca a região, maior será a proliferação. O norte capixaba, por exemplo, registrou o maior percentual de acidentes com animais peçonhentos (confira tabela abaixo), sendo que 79,8% dos casos envolveram escorpiões. O mesmo foi observado na região central, onde 65,4% dos acidentes foram com escorpiões.

Nas áreas de maior prevalência de escorpiões, a orientação para evitar acidentes com esse animal é manter o quintal limpo, evitar entulhos, lacrar caixas de gordura e bueiros. Dentro de casa também é importante ficar alerta. De acordo com o coordenador do Toxcen, antes de deitar e antes de dormir deve-se bater a roupa de cama, afastar camas e berços da parede, além de bater os calçados antes de usá-los. Ele também recomenda não colocar as mãos em locais escuros ou em que a pessoa não consiga ter uma boa visão.

Conforme explica Nixon Sesse, os sintomas após uma picada de escorpião são, geralmente, dor no local atingido, suor e formigamento. Em casos mais graves, há vômito, alterações cardíacas e falta de ar. Segundo o coordenador do Toxcen, após um acidente com esse animal a pessoa deve procurar atendimento imediato em um serviço de saúde, principalmente quando se tratar de crianças, idosos e pessoas que tenham doenças cardíacas.

Serpente

Apesar de ficarem em terceiro lugar nos registros (14,3%), acidentes com cobras são potencialmente graves e precisam de outros cuidados para evitá-los. O coordenador do Toxcen informa que acidentes com esses animais costumam estar relacionados à atividade ocupacional da pessoa e ao habitat da serpente, encontradas em regiões de matas, entocadas à beira dos rios ou dentro d’água.

No Espírito Santo, os acidentes com serpentes predominam (36%) na região Sul. Muitos casos ocorrem de forma acidental ou por causa da atividade ocupacional, a exemplo dos relacionados à colheita de café. “A maior prevalência é em ambientes rurais, mas pode acontecer também no ambiente urbano. Caso a pessoa faça a limpeza de um terreno baldio, por exemplo, ela pode encontrar uma serpente”, explica o coordenador do Toxcen.

Para evitar acidentes com cobras em ambientes rurais é necessário usar bota de cano alto ou perneiras de couro. Recomenda-se ainda o uso de luvas de apara de couro se a pessoa for se embrenhar em matas ou plantações, seja a trabalho ou lazer. Isso porque nessas situações as mãos e os pés ficam mais expostos a picadas do animal. E para quem gosta de se aventurar em trilhas e matas, a recomendação também é usar botas e não colocar as mãos em buracos. Outra orientação é não mexer em pilhas de lenha, evitar o acúmulo de lixo, tijolos, telhas e madeiras, porque podem servir de abrigo para cobras.

Segundo Nixon Sesse, em caso de acidente, a pessoa deve ser imediatamente levada a um serviço médico mais próximo, e, sem se expor a riscos, tentar levar o animal para identificação. Antes que a vítima seja atendida por um médico, é possível prestar os primeiros socorros lavando o local da picada com água e sabão, mantendo a pessoa em repouso e elevando o membro atingido pela picada. “É importante lembrar que não se pode fazer cortes, perfurações e torniquetes no local, pois pode levar a complicações e agravar o envenenamento”, explica o coordenador do Toxcen.




Outros animais

A aranha armadeira também é um animal que apresenta perigo, principalmente por ser agressiva quando ameaçada. Apesar de não ser frequente, ela pode aparecer em áreas urbanas, em residências próximas a matas ou terrenos baldios, por isso, deve-se tomar alguns cuidados.

É importante deixar áreas ao entorno de casa limpas, evitar o acúmulo de entulho, lixo doméstico (pois essa aranha é predadora de baratas), limpar periodicamente terrenos baldios e sacudir roupas e sapatos antes de usar. Segundo Nixon, a aranha armadeira tem hábitos noturnos e aparece em bananeiras, bromélias e troncos de árvores.

Acidentes

Em caso de acidente com animais peçonhentos, a orientação é procurar um serviço de saúde mais próximo de casa e entrar em contato com o Toxcen. Ao ser atendida, a pessoa pode enviar foto do animal para o número do telefone que o atendente fornecerá. E se a pessoa não tiver uma foto, pode descrever as características do animal para ajudar na identificação e na definição do melhor tratamento para a vítima.

O Toxcen oferece um serviço de informação para a população e profissionais da saúde sobre atendimento, diagnóstico e tratamento de agravos toxicológicos para o ser humano e animais. Em casos de suspeita de intoxicação, a pessoa deve entrar em contato com o serviço para receber a orientação necessária. O atendimento do Toxcen é realizado 24 horas por dia por meio do número 0800 283 9904.

Dados

Dentre os 13.054 registros contabilizados pelo Toxcen no ano de 2014, 35,3% (4.604 casos) foram acidentes causados por animais peçonhentos. A maior parte das vítimas (50%) tinha entre 20 e 49 anos de idade. Na faixa etária pediátrica, as crianças de 10 a 14 anos e os pequenos de 01 a 04 anos de idade foram os mais atingidos.



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